Minha Licença para Pescar
Ainda é comum ouvir — sobretudo quando um leigo se propõe a tratar do Evangelho ou da doutrina da Igreja — que lhe faltaria autoridade para tanto. Que seu papel, por assim dizer, seria apenas o de ouvinte: ouvir o sacerdote, ouvir o magistério, ouvir os doutores de batina. Nada ensinar, nada expor, nada propor.
É verdade que não detenho qualquer autoridade canônica, não o sendo menos que jamais pretendi exercê-la. A autoridade que aqui se reivindica é outra: é a comum dos fiéis, a que decorre do batismo, e que — ainda em 1932 — São Josemaría Escrivá já descrevia com clareza:
“Impõe-se repelir o preconceito de que os fiéis correntes não podem fazer mais do que ajudar o clero, em apostolados eclesiásticos. O apostolado dos seculares não tem de ser sempre uma simples participação no apostolado hierárquico: compete-lhes o dever de fazer apostolado. E isto não é porque recebam uma missão canônica, mas por serem parte da Igreja; essa missão... realizam-na através da profissão, do ofício, da família, dos colegas, dos amigos.”
Não escrevo aqui, pois, como quem recebeu um encargo de um sacerdote ordenado, nem é esse cantinho da internet uma fonte perene de apostolado. Quando muito, aos 8 ou 9 amigos e 2 ou 3 desavisados que têm a bondade ou a curiosidade de acompanhar esse blog, escrevo como quem recebeu um sacramento — e nele, um chamado. A esses leitores, cabe julgar se a exposição é compatível ou não com a doutrina. À Igreja, como sempre, pertence a última palavra, se é que há últimas palavras sobre blogs...