Evangélico Descarado: Ser ou Não Ser?
Um amigo culto e nobre, ainda que um tanto desajeitado em seus modos de lidar com o mundo prático, veio me relatar uma experiência amarga nas redes sociais. Ele havia publicado uma piada autoral que julgava espirituosa, mas que foi recebida com desdém: não apenas não causou riso, como também lhe rendeu zombarias. O golpe mais doloroso não foi, porém, a sua equiparação aos neurodivergentes em geral, mas a ironia de uma moça que, com sarcasmo refinado, elogiou-lhe a “retórica” e a “eloquência”. A ferida não incidiu exatamente no seu ego, mas sobre algo mais profundo: seu desejo professoral ou, como ele diria com um sabor mais clássico, magisterial, aquela vontade de instruir que, quando encontra a barreira da ignorância resistente, transforma a frustração em espécie de dor nobre. Foi para dar forma a essa dor que ele me narrou o episódio — caso contrário, se o conheço, a coisa teria sido relegada ao esquecimento eterno. Evidentemente, não era a eloquência seu propósito. Quem conta uma pi...